quarta-feira, 17 de março de 2010

Suspeitas

Pálida como a neve. Bela como nada. Inexplicavelmente linda e graciosa. Seus cabelos negros como a noite lhe caíam perfeitamente aos ombros e contrastavam com a cor sensacionalmente brilhante de seus penetrantes olhos verde-esmeralda. Nada podia comparar-se ao seu claro sorriso e à sua simpatia contagiante. Essa era ela, e eu não podia deixar de admirá-la. Ela simplesmente não tinha nada a ver com alguém que eu já tivesse visto. No entanto, ela parecia estranha aos meus olhos. Me observava com curiosidade e ira, como se eu tivesse feito algo ruim a ela.
O vento frio começava a bater em minha pele, que estava ardendo. Meus olhos estavam cansados e eu já não conseguia mais abri-los direito. Eu sentia algo escorrendo em meu braço, mas tinha medo de olhar e ver algo desagradável. Minhas pernas perdiam a força e, paulatinamente, iam cedendo. Eu não conseguia me mexer e, mesmo que conseguisse, não tinha coragem suficiente para fazê-lo.


Meu consciente ia perdendo o fio da meada e eu não conseguia mais pensar direito. O que eu poderia fazer agora? A bela criatura ainda me observava e eu tentei falar.
"Quem é você?" eu disse.
"Não importa. Mas você parece estar muito mal. Nós podemos te levar para um lugar mais confortável, se você quiser."
Nós?! Seja lá quem mais estivesse ali, eu não estava vendo.
"Como assim nós? Não estou vendo mais ninguém aqui."
"Algumas pessoas não vêem meus amigos. E a penumbra está grande demais, também."
"Quem são eles?"
"Não posso lhe explicar agora."
"Não estou certa de que é seguro ir com você..."
"Está tudo bem, venha!"
Eu decidi ir. Ela parecia ser legal e não podia ser menos perigoso do que onde eu estava. Na verdade, eu não me lembrava de como vim parar aqui... Ela me levou para uma clareira, onde o sol já nascia. Eu ainda não conseguia ver os amigos dela, mas me senti segura lá e, no final, tudo ficou bem. Embora muito suspeito.


By: Rafaela

Nenhum comentário:

Postar um comentário