terça-feira, 16 de março de 2010

Entre Lágrimas de Sangue

Sangue. Ela não tinha exata certeza se aquele líquido quente que escorria por seu rosto era sangue ou alguma lágrima que tentava segurar. Queria pôr a mão na bochecha, sentir a consistência; mas tinha medo de fazer qualquer movimento, medo até de procurá-lo. Medo de que o simples gesto de tocar seu rosto ou levar o braço para seu lado a levasse novamente às dores sentidas há pouco.

Frio. Seu corpo inteiro parecia uma pedra de gelo. As pernas sentiam o chão gelado e a umidade lhe machucarem e seus braços descobertos pareciam ser perfurados com ventos tão fortes e congelantes. Sentia seus lábios sem um grau de quentura e supôs que eles estariam roxos como os de um morto. "Devo estar morta", ela pensou. Mas sabia que não: mortos não sentiam e ela continuava a sentir o líquido quente escorrendo por seu rosto, riscando sua pele.
Escuridão. Se abrisse e focalizasse os olhos, sabia que conseguiria distinguir algo ao seu redor. Mas não lhe importava o local, não lhe importava se poderia sair correndo dali, pouco interessava se estava em um lugar aberto ou fechado. Só queria que o vento fosse forte o suficiente para que secasse o que escorria por seu rosto, fosse sangue ou lágrima. Não queria sentir algo quente. O frio parecia mais cômodo, estar morta parecia o mais fácil naquele momento. Afinal, não parecia que sentia vida passando por suas veias.
Aquilo tudo lhe trazia recordações sombrias de anos atrás. Apertava os olhos fortemente para que não as visse, mas não adiantava tentar não ver algo que estava gravado dentro de sua cabeça, como cenas que agora pareciam mil vezes pior...


By: Rafaela

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